quinta-feira, 14 de junho de 2012

A Sustentabilidade do Tradicionalismo Gaúcho - Parte I

Por Francisco Fighera

Uma palavra muito em voga nos últimos anos e especialmente nos dias de hoje é a tal de “sustentabilidade”. O termo "sustentável" vem do latim sustentare (sustentar; defender; favorecer, apoiar; conservar, cuidar). Embora uma palavra com muitas primaveras no dicionário, ganhou o mundo no relatório “Nosso Futuro Comum” (ou Relatório Brundtland, publicado em 1987), da Primeira Ministra da Noruega, à epoca, Gro Harlem Brundtland, que chefiou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, indicada que foi pela ONU, e que cunhou o conceito de desenvolvimento sustentável como sendo "o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades".

Diz-se que são quatro os requisitos básicos para um empreendimento humano ser sustentável e/ou ter sustentabilidade: tem que ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito.

Mas o dito conceito foi além e hoje se aplica a organizações (privadas, públicas, recreativas, culturais, associativas com e sem fins econômicos, etc.), de todos os segmentos (indústria, comércio, serviços, agricultura, pecuária, etc.) e também é muito conhecido na política, artes, cultura, educação, medicina, veterinária, etc. É só abrir os jornais e revistas e lá está ela estampada em mais de uma página, com todas as letras. Nos noticiários, entrevistas, reportagens, seja no rádio ou na televisão, está sempre presente. Nos discursos políticos, então, nem se fala, é cansativamente repetida. No campo da gestão é a palavra da moda. Há muitas publicações na internet sobre a sustentabilidade no cinema, no teatro e até na música infantil (“Fórum Social Infantil trabalha sustentabilidade de maneira lúdica”. Aconteceu no Rio Grande do Sul, em janeiro de 2012). No “VIII Encontro da Juventude Tradicionalista da CBTG”, realizado em Florianópolis em 2009, uma palestra sobre a "Sustentabilidade Econômica do Movimento” chamou muito a atenção dos jovens.

Duas questões aqui se colocam: (i) O conceito de sustentabilidade pode ser aplicado ao tradicionalismo gaúcho?  (ii) O tradicionalismo gaúcho atende aos quatro requisitos básicos antes mencionados?

Não é muito simples responder a essas questões, de pronto, numa primeira tenteada, e é preciso ter muito cuidado com as reflexões e/ou afirmações, pois envolvem muitas variáveis. De outro lado, não tem este chasque o objetivo de esgotar o assunto, por isso, 1º Aparte.

Vejo o tradicionalismo gaúcho sob a forma de um “Galpão de CTG”, como mostra a Figura, alicerçado sobre “Esteios Fundamentais”, que são a “FAMÍLIA” e “GRUPO LOCAL” (responsáveis pela preservação e transmissão da herança social, como queria Barbosa Lessa), e a “TRADIÇÃO” (o amor e culto à terra, ao pago... que vem da alma). Esses pressupostos podem ser considerados (são) a essência da existência e continuidade do tradicionalismo. Pode-se dizer que são como o sol, o ar, a água, a terra, o mar, elementos da natureza que nem se percebe que existem, mas estão sempre ali, e se não mais existissem logo se notaria sua falta e lhes seria atribuído o valor que realmente tem. Esses “pilares”, apesar de fortes e resistentes como o cerne, podem sofrer e sofrem desgastes naturais. Não envelhecem com o tempo, mas tem que se adaptar às mudanças, até porque essas são as únicas coisas realmente estáveis.

Também os esteios (ou pilares) tem que suportar outras “estruturas” (Organizacional, Institucional, Moral, Cultural, Econômica e Financeira), como os vigamentos, travessas, caibros, taboas, vergas, ripas, forro, tesouras, que mantém esse Galpão de pé, para que bem ao alto tremule a Bandeira da Liberdade, Igualdade, Humanidade.
Por outro lado, aquelas “estruturas” sustentam as “telhas” do Galpão, consideradas aqui as diversas atividades a que se destina o tradicionalismo (Campeira, Artística, Esportiva, Recreativa, Cultural, Social).

Das “estruturas” e das “telhas” do Galpão vamos falar no 2º Aparte, pois a prosa é um pouco mais longa. Então poderemos responder as duas questões inicialmente colocadas, sabendo-se que uma coisa é certa: as respostas passam necessariamente pelas pessoas.
Postado por Rogério Bastos às 07:33
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