O movimento tradicionalista gaúcho, já presente em boa parte do planeta, prepara-se para abrir seu primeiro CTG no Leste Europeu, antiga “cortina de ferro” comandada pela extinta União Soviética, que ruiu no começo dos anos 90. Um grupo de gaúchos, liderados pelo presidente da Confederação Brasileira do Tradicionalismo Gaúcho (CBTG), Dorvílio José Calderán, e pelos coordenadores de um antigo programa de intercâmbio cultural com a Polônia, Clediney Silva e Márcio Rosiak, vão lançar, no mês de junho, o Centro de Tradições Gaúchas Estância Celeste Brasil, na Província de Wroclaw, naquele país.
Descendente de polonês, Márcio Rosiak é vereador em Dom Feliciano, no interior do Rio Grande do Sul, e intérprete do grupo. Seu colega, Clediney Silva, é jornalista e advogado, assessor parlamentar do deputado Francisco Bührer, na Assembleia Legislativa do Paraná, e criador do Estância Celeste, em 2007, no ambiente virtual do Second Life (veja matéria correlata). A idéia nasceu dos próprios poloneses, em visita ao Rio Grande do Sul, quando decidiram fundar um “Clube Amigo dos Gaúchos”, que acabará se transformando no primeiro CTG do Leste Europeu.
A delegação que vai participar do lançamento do CTG viaja no dia 04 de junho para a Polônia, onde também fará um roteiro turístico de 15 dias, visitando a Capital Varsóvia, Cracóvia, Minas de Sal de Vieliczka, Campos de Concentração de Auschwitz e Birkenau, Zakopane, Santuário de Czestochowa e, finalmente, Wroclaw, onde será lançado o CTG. Clediney Silva informa que ainda dispõe de quatro convites para gaudérios que queiram participar deste momento histórico, devendo os mesmos buscarem informações no site www.poloniatur.com (ficha de pré-inscrição).
CONTATOS
DORVÍLIO JOSÉ CALDERÁN
Presidente da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha (CBTG)
dorvilio@gmail.com
(61) 3273-8349
(61) 9962-3581
CLEDINEY BOEIRA DA SILVA
Jornalista, Advogado, criador do CTG virtual
clediney@clediney.com.br
http://www.clediney.com.br/
http://www.ctgbrasil.com/
(41) 3282-8102 – res
(41) 3350-4232 – ALEP
(41) 9115-9000 – VIVO
(41) 9915-9000 – TIM
MÁRCIO ROSIAK
Vereador de Dom Feliciano
vereador@domfeliciano.net
rosiak@poloniatur.com
(51) 3677-1079
(51) 9666-2189
Histórico
Uma história de amor ao Rio Grande
No início do 2007, quando o Second Life (segunda vida, em inglês) estourou na internet, levando do mundo real para uma plataforma virtual milhares de pessoas, empresas, clubes, entidades e até mesmo uma Embaixada, a da Suécia, o movimento tradicionalista gaúcho também fez história. O jornalista e então também estudante de Direito, Clediney Silva, ganhou fama e dinheiro ao fundar o CTG Estância Celeste Brasil, primeiro CTG virtual do mundo, o que rendeu extensas reportagens e capa do Caderno Digital da Zero Hora e de outros importantes órgãos da imprensa do Sul do país.
Em matéria assinada pela jornalista Vanessa Nunes, que no mundo virtual possuía um avatar chamado Van Latynina, o ZH Digital anunciava que “sociedade online com mais de 5 milhões de usuários via Internet, o Second Life ganha um espaço para celebrar as tradições gaúchas”, explicando que “fogo de chão, pilcha e chimarrão ganharam versões digitalizadas no Second Life (SL), comunidade online com 5 milhões de habitantes”.
Nos pagos virtuais, um baile marcou a inauguração, em abril de 2007, do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Estância Celeste Brasil, o primeiro desta realidade simulada na Internet. “Para dançar no baile, os avatares - como são chamados os bonequinhos que representam cada residente - deverão estar rigorosamente pilchados. Foram confeccionados chapéus, lenços, bombachas e vestidos de prenda por uma estilista virtual. A indumentária estará à venda por 490 lindens (a moeda do SL, equivalente a cerca R$ 5 o traje completo)”, informa a matéria.
“A idéia de criar um CTG no SL é do jornalista Clediney Silva, 49 anos, gaúcho de Dom Feliciano radicado há mais de uma década em São José dos Pinhais (PR), onde é xiru das falas (mestre-de-cerimônias) do CTG Sentinela dos Pagos. - O culto às tradições gaúchas não fica restrito ao Rio Grande do Sul. Por que não se expandir pelo mundo virtual? - argumenta. Na opinião do folclorista Paixão Côrtes, 79 anos, todo trabalho feito para preservar os valores da terra merece aplausos:
- É uma forma atualizada de divulgar a identidade da região. Tradicionalismo não significa ficar parado no tempo. É preciso acompanhar a modernidade, mas não fazer modismo.
Para tocar o projeto do CTG virtual, Silva recorreu a Bloguinho Bourgoin, a sua segunda vida no mundo digital. O avatar fundou a entidade no SL e contratou outras pessoas dentro da sociedade online para construir objetos característicos da cultura gaúcha, como cuia de chimarrão e churrasco em espeto de chão. Para reconstruir um pedacinho do pampa no mundo online, o investimento ultrapassou os 100 mil lindens (pouco acima de R$ 1 mil).
Mais do que um passatempo e uma forma de matar a saudade dos pagos, Silva vislumbrou no SL uma chance de ganhar dinheiro real com a venda da indumentária gaudéria na loja Xergão, outro empreendimento seu. - Quero trazer a grife Xergão para o mundo real. Quem sabe alguma empresa se interessa. Também quero ver se consigo patrocínio para o CTG - planeja.
O Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) pretende acompanhar o projeto, para se certificar de que a cultura do Estado não será desvirtuada no mundo digital. Então, talvez possa até apoiar a iniciativa: - É algo positivo, porque comunica a cultura gaúcha a outro perfil de público, mais urbano. Geralmente, o gaúcho campeiro é bem xucro nesta área de Internet - comenta o presidente do MTG, Oscar Gress.
DE VOLTA À REALIDADE
Um ano depois, houve o que os especialistas chamaram de “estouro da bolha do Second Life”. O CTG virtual, que havia sido criado em terras estrangeiras e depois fincou raízes na Ilha Porto Alegre, empreendimento de empresários gaúchos da área de publicidade, fechou as portas e deixou mais de 3.000 associados “mais perdidos que tomate em *** de frutas”. Clediney Silva, no entanto, que chegou a tentar montar o CTG virtual no Parque da Harmonia, em Porto Alegre, não desistiu de levar a idéia em frente.
Ocorre que o agora veterano jornalista e jovem advogado também desenvolve, há 12 anos, uma outra atividade cultural, um intercâmbio cultural com empresários e autoridades da Polônia, país de onde vieram os ascendentes de cerca de 70 por cento de toda a população de seu município natal, Dom Feliciano, no interior no Rio Grande do Sul. Inicialmente, esse programa era desenvolvido no Brasil apenas nos Estados do Paraná e Santa Catarina, mas o “gaúcho desgarrado” queria mesmo é trazer a polacada (a expressão, nada pejorativa, vem do termo “polonês”, na língua pátria, “polak”, ou “polaco”, no Brasil.
Ele só conseguiu aproximar brasileiros e poloneses em 2006, quando incluiu em uma delegação de dirigentes e professores da faculdade onde estudava, o então presidente da Câmara de Vereadores de Dom Feliciano, Paulo Job, em uma visita oficial à Polônia. Job, que não fala polonês, levou como intérprete o então assessor da Presidência da Câmara, Márcio Rosiak, um jovem descendente de poloneses, fluente na língua pátria, que naquela mesma viagem permaneceu na Polônia, para aprimorar seus conhecimentos na famosa e milenar Universidade de Wroclaw.
Em sua permanência, de dois meses naquele ano, e de outro período, no ano seguinte, Rosiak fez centenas de amizades e, já no Brasil, junto com o amigo Clediney Silva, montou o site www.poloniatur.com, com o objetivo de dar continuidade à amizade entre os dois povos. Já no Carnaval do ano seguinte, 2007, Clediney Silva levou a Dom Feliciano a primeira delegação oficial da Polônia em mais de 150 anos de história da imigração.
Daí em diante o programa de intercâmbio deslanchou e dezenas de gaúchos puderam visitar a Polônia, enquanto outros tantos de poloneses vieram ao Brasil, demonstrando um carinho todo especial pelo Rio Grande do Sul e pelo povo gaúcho. Em 2010, depois de um roteiro de 20 dias por três Estados – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e três países – Brasil, Paraguai e Argentina, incluindo Buenos Aires, uma delegação de altas autoridades da Província de Wroclaw de decidiu fundar um “Clube de Amigos dos Gaúchos” que, por sugestão de Clediney Silva e Márcio Rosiak tranformar-se-á no CTG Estância Celeste Brasil, o primeiro do gênero no Leste Europeu.